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domingo, 8 de junho de 2014
Eles já estão entre nós. Quem vive em uma das cidades-sede da Copa do Mundo já percebeu o maior número de estrangeiros circulando pelas ruas.
E muitos outros mais ainda estão por vir. Dos quase 2,2 milhões de ingressos vendidos pela internet, 40% foram comprados em outros países.
A BBC Brasil conversou com torcedores estrangeiros para saber o que os trará ao país.
Os motivos variam. Mas todos os três têm uma razão em comum: a paixão pelo futebol.
Uma Copa especial para Ryan
Ryan Milstein, de 22 anos, talvez seja um dos únicos australianos que virão ao Brasil durante a Copa do Mundo por uma razão tão pessoal.
Ele não conseguiu acompanhar o pai e o irmão à Copa da África do Sul, em 2010, por causa de um novo trabalho na Austrália.
Seu irmão Reagan sofreu um traumatismo craniano em um acidente enquanto mergulhava e não resistiu.
'Era muito próximo do meu irmão, e nossa maior conexão era o futebol', diz Ryan.
'Não ter estado com ele em seus últimos momentos na Copa me machucou muito. Prometi que iria ao Brasil para entender a experiência maravilhosa que ele teve, e me sentir mais conectado a ele.'
Improviso e manifestações Será o primeiro Mundial de Ryan - e sua primeira vez no Brasil. Mas ele não fez muitos preparativos. Apenas tomou vacinas contra a hepatite A e a febre amarela.
'Prefiro improvisar quando chegar. Quero eu mesmo testar as condições; faz parte da experiência.'
Mesmo assim, ele diz saber que precisa ter alguns cuidados ao viajar, especialmente a um pais conhecido por sua violência em assaltos.
'Sei que tenho que ficar esperto para evitar situações negativas.'
Ryan conta ainda que sabe pelo o que foi publicado na mídia que é possível haver problemas e até mesmo hostilidades por conta das manifestações contra os gastos com a Copa.
'Mas já estive no campeonato europeu na Ucrânia e na Polônia, onde a mídia alertava para o racismo e hostilidade,' lembra.
'Não tive problema algum, apenas energia positiva por parte dos cidadãos. Por isso, espero o mesmo do Brasil.'
Horários de viagens Ele conta que está mais preocupado com os horários das viagens de uma cidade-sede para outra.
'O país é muito grande, e os voos, bem caros. Será difícil chegar a alguns jogos', diz Ryan, que viajará com a irmã e um amigo.
Seu pai e a esposa também estarão no Rio de Janeiro durante toda a copa.
Ele lamenta não ir a Cuiabá, onde será o primeiro jogo da seleção australiana, mas diz que a localização da cidade é 'inconveniente'.
'Isso faz parte. Espero que o clima de festa e celebração minimize esses contratempos'.
Ryan vai para torcer pelo seu time, mas diz ser realista. 'Não temos chances', diz.
Ele espera que a França, onde morou quando era pequeno, ganhe. Ou o Brasil, 'para vivenciar a euforia dos brasileiros'.
'Estou indo ao país num momento especial,' explica.
Além disso, a fundação criada em homenagem a Reagan, que é voltada ao futebol, doará materiais do esporte para crianças carentes no Brasil.
'Isso dará um significado ainda maior para esta Copa.'
O 'outro' futebol americano
Vindo de um país em que o futebol não tem tantos fãs quanto o beisebol, o basquete ou o futebol americano, o americano Daniel Wiersema viaja ao Brasil com a esperança de ver sua seleção avançar para a segunda fase e ajudar a popularizar o esporte nos Estados Unidos.
'Os americanos adoram uma história de sucesso. Se a seleção for bem-sucedida, isso vai ajudar o futebol a crescer', disse Wiersema à BBC Brasil, enquanto finalizava os últimos preparativos para sua viagem.
Na próxima sexta-feira, ele embarca para o Brasil ao lado da mulher, Anah, e de outros 530 integrantes da American Outlaws (Foras da Lei Americanos, em tradução livre), uma torcida organizada que reúne mais de 6 mil torcedores dos Estados Unidos.
Às vésperas da viagem, o clima na casa do casal, em Austin, no estado do Texas, é de euforia.
'Será minha primeira Copa do Mundo e primeira viagem ao Brasil', diz Wiersema.
'Obviamente estamos muito empolgados. Sabemos o grande país do futebol que é o Brasil e queremos fazer parte das celebrações.'
Ele diz que ouviu falar sobre os protestos no Brasil e espera que as reivindicações da população brasileira sejam atendidas.
'Mas também espero que, durante a Copa, possamos focar no futebol', afirma.
Cultura Wiersema também pretende aproveitar as duas semanas para conhecer mais sobre a cultura brasileira e as cidades onde a seleção americana jogará - Natal, Manaus e Recife.
'Queremos explorar o país ao máximo. Estamos planejando várias viagens curtas para conhecer a região onde estaremos', afirma.
'É mais do que somente futebol. Quero vivenciar também o lado cultural do Brasil.'
Aos 31 anos, Wiersema se considera parte de uma das primeiras gerações que cresceram jogando futebol nos Estados Unidos e continuaram a acompanhar o esporte quando adultos.
Neste Mundial, os Estados Unidos ficaram atrás apenas do Brasil no número de ingressos comprados para a Copa.
Não é possível saber quantos desses ingressos foram vendidos para americanos e quantos para torcedores de outras nacionalidades que vivem no país, mas Wiersema acredita que o futebol vem ganhando cada vez mais espaço na cultura americana.
'Cada vez mais pessoas estão virando torcedores', diz, observando que o esporte evoluiu muito desde a Copa em seu país, em 1994.
Sonho Ele conta que passou a integrar a American Outlaws em 2008, um ano depois do grupo ser criado. Hoje em dia, ajuda na administração da torcida.
'Somos voluntários. Todos temos outras profissões', diz Wiersema, que é professor de geografia do 6º ano do ensino fundamental.
Apesar do otimismo em relação à sua seleção, o americano sabe que será difícil estar no Grupo G, o 'grupo da morte', com partidas contra Alemanha, Portugal e Gana.
Para ele, a seleção favorita para levar o título é a brasileira.
'Especialmente sendo o país que recebe a Copa e tendo a torcida a seu favor. Em um estádio todo verde e amarelo, vai ser muito difícil para os adversários vencerem o Brasil', aposta.
A dificuldade não impede, porém, que Wiersema mantenha a esperança.
'Meu sonho, claro, é ver os EUA chegar à final e vencer o Brasil.'
Um italiano na torcida da Costa Rica
O italiano Alfredo Freda sempre sonhou em ir à Copa no Brasil. Seu sonho se tornará realidade, mas não exatamente como queria.
Ele acompanhará a seleção da Costa Rica e provavelmente só verá um jogo da seleção do seu país.
Freda foi escolhido por sua uma fornecedora italiana de equipamentos esportivos que patrocina a seleção costariquenha para acompanhar o time durante o Mundial de 2014.
Ele fará um blog sobre a viagem, entitulado 'A caminho do Brasil com a Costa Rica'. Escreve que 'esta é uma grande aventura para um rapaz de Cassola', citando sua pequena cidade natal no norte da Itália.
Ele diz que promoverá o time da Costa Rica - junto com a marca que representa - nas redes sociais e também com clipes no YouTube.
Duelo único No entanto, ter aceitado este trabalho significa que ele provavelmente verá só um jogo da Azzura. Por sorte, Itália e Costa Rica estão no mesmo grupo. Em 20 de junho, os times se enfrentarão em Recife.
As duas equipes só se encontrarão de novo no torneio se ambas chegarem à final ou se disputarem o terceiro e quarto lugar.
Freda verá os jogos da Costa Rica contra o Uruguai, em Fortaleza, e a Inglaterra, em Belo Horizonte. Ele torcerá para os 'ticos', como são chamados os costariquenhos, avançarem na competição.
No Brasil, Freda terá a companhia de muitos outros italianos. Segundo a Fifa, 9,5 mil italianos compraram ingressos para ver jogos da Copa. A demanda foi bem maior: 53 mil torcedores fizeram pedidos de ingressos.
A Itália foi o segundo país europeu com o maior número de pedidos, atrás da Alemanha, com 58 mil.
Freda, que adora futebol, está eufórico com a viagem.
'Afinal, não é apenas uma Copa. É o Mundial no Brasil, a pátria do futebol', diz.
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