Costa Rica e Grécia fizeram o duelo das zebras neste domingo na Arena
Pernambuco, no Recife, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. E num
jogo dramático, a Costa Rica carimbou pela primeira vez na história sua
presença nas quartas de final de um Mundial, com a vitória por 5 a 3 nos
pênaltis depois de empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. A
seleção centro-americana agora enfrenta a Holanda, no próximo sábado,
na Arena Fonte Nova, em Salvador, para escrever mais um capítulo na sua
história no futebol.
Na despedida da Arena Pernambuco da Copa do Mundo, a Costa Rica
confirmou sua condição de primeira colocada do "grupo da morte", quando
desclassificou Itália e Inglaterra. Já a Grécia, outra "zebra" deste
Mundial, tentava resgatar a memória da campeã europeia de 2004, em
Portugal.
O jogo
A Grécia começou a partida tentando pressionar os latino-americanos
com toque de bola e as conhecidas jogadas aéreas. No rebote de uma
delas, aos dois minutos, Manolas chutou forte para assustar o bom
goleiro Navas. A Costa Rica respondeu com Bolaños, aos sete, com uma
finalização próxima ao gol de Karnezis.
Em jogo muito "pegado", a Grécia não deixava a Costa Rica trocar bolas
no meio sem uma marcação forte na intermediária. O time da América
Central parecia sentir a responsabilidade de jogar como "favorito" nas
oitavas de final, já que eliminaram campeões mundiais no Grupo D. O
estilo de jogo que fez sucesso nas partidas anteriores não aparecia e
deixava a Costa Rica dominada pela boa marcação grega, com Karagounis
coordenando as disputas no meio-campo.
Aos 21 minutos, em jogada rápida pela lateral, Campbell mostrou um
pouco de lampejo no ataque da Costa Rica. O atacante foi derrubado por
Karagounis em jogada individual, quase dentro da grande área. Na
cobrança, a defesa grega afastou mais uma vez, com Sokratis. Na
sequência, em boa jogada trabalhada pelo meio-campo grego, Karagounis
arriscou de longe para boa defesa de Navas.
A Costa Rica dependia muito das jogadas de Bryan Ruiz e Campbell, que
não estavam nos seus melhores dias. Em contrapartida, a Grécia jogava
com todos os jogadores. Em cruzamento de Cholevas, aos 37 minutos,
Salpingidis finalizou de primeira para excelente defesa de Navas, na
melhor chance de gol do jogo até então.
As duas equipes não se arriscavam muito no ataque, com a Grécia
dominando as ações na intermediária. Em um duelo de "perde e ganha", a
Grécia levava a melhor e até criava algumas chances, mas sem ameaçar de
maneira aguda os costarriquenhos. Assim como já aconteceu nesta Copa, a
exemplo de Irã x Nigéria, na Arena da Baixada, em Curitiba, os dois
times deixaram o campo sob vaias da torcida após o apito do árbitro
australiano Benjamin Williams.
Na volta do intervalo, a marcação continuava forte. Tejeda tomou um
cartão amarelo aos três minutos depois de um carrinho com força
desproporcional em Samaris. Antes, os gregos tinham assustado o gol de
Navas com uma cabeçada de Samaras, forte, mas no meio do gol. Mas, de
repente, em jogada pela esquerda, aos seis, Bryan Ruiz concluiu com
efeito, bem "fraco", no canto de Karnezis, que apenas olhou a bola
entrando em sua meta: 1 a 0.
Agência ReutersWaylon Francisco (de frente para câmera) e companheiro de equipe José Miguel Cubero se abraçam
Aos sete minutos, em cruzamento para a área, Torosidis cometeu o
pênalti ao fingir estar desequilibrado e cortar com a mão a bola que
iria para Bolaños. Mas o árbitro não marcou e a Grécia escapou de sofrer
mais um gol. Apesar da desvantagem, a Costa Rica não tomou a iniciativa
das ações no jogo, deixando espaço para os gregos avançarem.
E a Grécia aproveitou para sufocar ainda mais a Costa Rica após a
expulsão boba de Duarte, que fez falta feia em Cholevas e recebeu seu
segundo cartão amarelo. Em certos lances, o jogo pegava fogo, com as
duas equipes "batendo muito", chegando firme em todas as bolas. Em um
duelo totalmente aberto, as duas seleções criavam algumas oportunidades,
mas sem aprimorar as jogadas. A vantagem continuava a favor da Costa
Rica.
Aos gregos restava fazer o que não fazem normalmente - ou seja, atacar -
e pelo menos tentar o empate para levar a partida para a prorrogação.
Mesmo toda no campo de ataque, a Grécia não conseguia marcar. Mas aos 45
do segundo tempo, em rebote de Navas após chute de Gekas, Sokratis
completou, de "canela", com raiva, para as redes e empatou o duelo.
Na sequência, Mitroglou quase acabou com o sonho da Costa Rica,
obrigando Navas a fazer uma defesa monumental depois de cabeçada forte.
Com um jogador a menos, a Costa Rica sofria a pressão dos gregos na
defesa, sem ter jogadores para sair tocando e aliviar o sufoco.
Na prorrogação, a Grécia ampliou seu domínio de campo e quase marcou o
segundo em jogada pela direita, com cruzamento de Torosidis. Umaña
desviou de forma providencial para evitar o gol de Mitroglou. Em jogada
rápida, aos oito minutos, Cholevas quase fez gol de gênio, mas parou na
zaga. Na sobra, Katsouranis chutou para desvio na zaga costarriquenha. A
Grécia não conseguiu utilizar a vantagem de um jogador a mais e mostrou
cansaço, sem alterar o placar no primeiro tempo do tempo extra.
Na segunda etapa, Brenes assustou a defesa grega ao receber na frente
de Sokratis e concluir por cima da meta de Karnezis. A Costa Rica não se
intimidava com o jogador a menos e assustou os gregos aos sete minutos,
em jogada pela direita que Campbell quase completou para o gol. Na
sequência do escanteio, a Grécia quase fez com Christodoulopoulos, que
chutou firme para excelente defesa de Navas.
Com o jogo aberto, as duas seleções mostravam que não queriam levar o
duelo para a disputa por pênaltis. No último lance do confronto,
Mitroglou perdeu o gol mais feito da partida, ao receber passe de Gekas e
chutar em cima de Navas, de canela, para ficar só com o escanteio.
Nos pênaltis, a vitória ficou com a Costa Rica, quando Gekas bateu o
terceiro pênalti para defesa sensacional de Navas. Umaña fez a sua
cobrança e garantiu o triunfo histórico da Costa Rica.
FICHA TÉCNICA
COSTA RICA 1 (5) x (3) 1 GRÉCIA
COSTA RICA - Navas; Gamboa (Acosta), Duarte, González, Umaña e Díaz;
Borges, Tejeda (Cubero), Ruiz e Bolaños (Brenes); Campbell. Técnico:
Jorge Luis Pinto.
GRÉCIA - Karnezis; Maniatis (Katsouranis), Manolas e Sokratis;
Torosidis, Karagounis, Christodoulopoulos, Samaris (Mitroglou) e
Holebas; Samaras e Salpingidis (Gekas). Técnico: Fernando Santos.
GOLS - Bryan Ruiz, aos 6, e Sokratis, aos 45 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Tejeda, Bryan Ruiz e Navas (Costa Rica); Samaris, Manolas(Grécia).
CARTÃO VERMELHO - Duarte.
ÁRBITRO - Benjamin Williams (Fifa/Austrália).
RENDA E PÚBLICO - Não disponíveis.
LOCAL - Arena Pernambuco, no Recife (PE).