Após reunião com dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa), o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou nesta terça-feira (8) em Zurique, na Suíça, que o Brasil tem "confiança e convicção" de que vai superar os desafios para a realização da Copa do Mundo de 2014.
"A grande festa mundial do futebol, o esporte mais querido do planeta, que se realiza no Brasil em 2014, que seja de fato a celebração da fantasia, da paixão e das expectativas do povo brasileiro e da humanidade. [...] Encerramos a reunião com a FIFA com a confiança e convicção de que somos capazes de superar todos os desafios com muito trabalho. A Copa não tem mistério, não tem segredo, é a vigésima Copa a ser realizada", afirmou Aldo Rebelo.
Foi o primeiro encontro entre o ministro Aldo Rebelo e o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, desde a crise motivada pela declaração, no começo de março, de que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" por conta dos atrasos nos preparativos para a Copa.
Tanto Valcke quanto o presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediram desculpas pelo episódio ao ministro do Esporte, que as aceitou. Antes, Aldo Rebelo chegou a afirmar que não mais aceitaria Valcke como interlocutor da Fifa para assuntos relacionados à Copa do Mundo. Depois da crise, Blatter veio ao Brasil e se reuniu com a presidente Dilma Rousseff para amenizar a discórdia.
Além do ministro Aldo Rebelo e de Blatter e Valcke, participaram da reunião em Zurique o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, e os ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, integrantes do Comitê Organizador Local da Copa (COL).
No começo de abril, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado rejeitou a presença do secretário-geral da Fifa em audiência pública. A comissão havia aprovado convite para Blatter, mas a Fifa informou oficialmente que seria Valcke quem iria.
Após acordo com os demais integrantes, o presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), decidiu cancelar o encontro porque não aceitou a substituição. "Não aceitamos o porteiro da Fifa. O requerimento aprovado foi para receber o Blatter, não esse bedel da Fifa. Se depender de mim, ele receberá um pontapé em suas redondas abundâncias", disse o senador.
Durante coletiva de imprensa nesta terça em Zurique, Aldo foi perguntando sobre a possibilidade do governo interceder para que Valcke vá ao Congresso. O ministro disse que o Congresso é "soberano" e toma decisões sem interferência do Executivo. Valcke também respondeu que não vê necessidade de ir ao Congresso.
Para Blatter, tanto FIFA quanto o governo brasileito têm que deixar o passado para trás. "O momento é de olhar para frente", disse. O presidente da FIFA afirmou que a Copa é um evento que traz grandes esperanças para o mundo e que o Brasil hoje exerce um papel-chave no contexto global. "O Brasil e muito importante do aspecto social e do aspecto econômico. Naturalmente tem muitos poderes e responsabilidades. Se juntarmos os poderes e responsabilidades, podemos fazer uma copa de grande êxito", disse.
Infraestrutura
O ministro Aldo Rebelo foi questionado a respeito do uso de aeroportos militares durante a Copa, para resolver o problema de infraestrutura do país. A utilização está prevista na Lei Geral da Copa, já aprovada na Câmara e que deverá ser votada no Senado nesta semana.
"Nós temos um grupo executivo que considera todas as possibilidades no âmbito dos desafios. Essa opção é considerada. Mas a forma, o detalhe, as condições, só podem ser reveladas quando resolvidas com o Ministério da Defesa, que é a área responsável pela operação desses aeroportos."
Para o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, o país está “entrando em uma fase decisiva” em relação à realização do mundial. Segundo ele, até então o governo estava focados nas fases de investimento em infraestrutura e que a hora agora é de “planejar as operações”.
'Time unido'
Durante a coletiva, o presidente da CBF afirmou que a reunião mostrou que haverá "total integração" entre Brasil e Fifa.
"Minhas primeiras palavras são de cumprimento ao Blatter pela sábia e feliz iniciativa de fazer a reunião. Foi altamente produtiva não só pra o futebol brasileiro, como para o mundial. Exemplo de diálogo leal, franco e acima de tudo, construtivo. A partir dessa reunião, haverá uma total integração de todos responsáveis pela Copa no nosso pais. Vamos caminhar juntos. Isso é muito importante porque dará tranqüilidade a todos, e principalmente, tranquilidade para o torcedor brasileiro. [...] Não tenho a menor dúvida de que, com essa grande união, vamos promover a melhor copa de todos os tempos."
O jogador Ronaldo disse que Brasil e Fifa precisam jogar com "time unido". "Eu tenho uma experiência de que o ficou de mais importante desse dia, é o uma experiência de ex-jogador de futebol. É a experiência de jogarmos juntos, como time unido. Com a experiência de ex-jogador, um time que não é unido dificilmente ganha."